domingo, 5 de outubro de 2008

E tu, já fizeste a tua parte para salvar o Planeta?

O Desastre dos biocombustíveis (2)

O controverso cientista político norte-americano Charles Murray, diz que os impostos são um preço, que cada um de nós está disposto a pagar para ter a sua consciência tranquila. Ainda que seja inconscientemente, o pagamento dos nossos impostos, representa para nós uma transferência na responsabilização dos problemas. Ou seja, se existem pessoas a viver na pobreza, a culpa é do Estado que não está a canalizar para essas pessoas o dinheiro dos nossos impostos. 

Recentemente, o "selo verde" também passou a ser uma forma de tranquilizar a nossa consciência. Os europeus e americanos, adoram hoje todo o tipo de produtos supostamente "verdes". É o preço que aceitamos pagar por uma consciência tranquila, mesmo quando efectivamente pouco fazemos pelo ambiente.

O etanol que nos foi "vendido" como o combustível verde, foi acolhido entre nós com uma euforia cega, porque num momento em que se instalou um verdadeiro ambiente de fervor religioso em torno da questão das alterações climáticas, governos e cidadãos viram nos biocombustíveis uma forma de tranquilizar as consciências.

O problema é, que o etanol tem sido um enorme fracasso. Por um lado, está a condenar milhões de pessoas a morrer à fome, e por outro, a contribuir para a desflorestação em países como o Brasil, e por essa via também a contribuir para o aumento de CO2 na atmosfera. 

Até quando estamos dispostos a pagar este preço pelas nossas consciências tranquilas?


O Desastre dos biocombustíveis (1)

A aposta nos biocombustíveis tem se traduzido num enorme fracasso a todos os níveis. Algumas notas sobre esse insucesso:

1) Em Maio de 2007, o “Center for Agricultural and Rural Development at Iowa State University”, divulgou um relatório que estimava, que a despesa dos americanos com a alimentação, aumentou em $47 por ano devido à produção de etanol. O mesmo estudo, conclui que o custo total do etanol para os americanos é de $14 mil milhões de dólares, sem incluir custo dos subsidios federais para os produtores.

2) Em Setembro de 2007, Corinne Alexander e Christ Hurt, economistas na Universidade de Purdue, estimaram que dois terços do aumento dos preços nos alimentos, no período do 2005 a 2007 se deveu aos biocombustíveis.

3) Em Abril de 2008, um relatório interno do Banco Mundial, estimou o aumento do preço dos cereais em 140% entre Janeiro de 2002 e Fevereiro de 2008.
“This increase was caused by a confluence of factors but the most important was the large increase in biofuels production in the U.S. and E.U. Without the increase in biofuels, global wheat and maize [corn] stocks would not have declined appreciably and price increases due to other factors would have been moderate.” Robert Zoellick, president of the Bank, acknowledged those facts, saying that biofuels are “no doubt a significant contributor” to high food costs. And he said that “it is clearly the case that programs in Europe and the United States that have increased biofuel production have contributed to the added demand for food.

4) Em Maio de 2008, um relatório do Congresso, atribuía a escalada dos preços dos alimentos a nível mundial a dois factores: o aumento da procura de cereais para o fabrico de rações animais e a produção de biocombustíveis.

5) Também em Maio de 2008, Mark Rosegrant, do “International Food Policy Research Institute”, declarou perante o Senado norte-americano: “If the current biofuel expansion continues, calorie availability in developing countries is expected to grow more slowly and the number of malnourished children is projected to increase.”

6) Em Junho de 2008, a Oxfam, uma ONG que combate a fome, divulgou um relatório em que estimava que os biocombustíveis eram responsáveis por cerca de 30% do recente aumento global dos preços dos alimentos, e que esta situação está a empurrar para a pobreza extrema cerca 30 milhões de pessoas. “Rich countries’ demands for more biofuels in their transport fuels are causing spiraling production and food inflation.”

7) Em Julho de 2008, um relatório da "Britain`s Renewable Fuels Agency" concluía: “Biofuels contribute to rising food prices that adversely affect the poorest.” The report, known as the Gallagher Review, also said that demand for “[biofuels] production must avoid agricultural land that would otherwise be used for food production. This is because the displacement of existing agricultural production, due to biofuel demand, is accelerating landuse change and, if left unchecked, will reduce biodiversity and may even cause greenhouse gas emissions rather than savings. The introduction of biofuels should be significantly slowed.”

8) Também em Julho de 2008, a OCDE emitiu um relatório sobre os biocombustíveis que concluía: “Further development and expansion of the biofuels sector will contribute to higher food prices over the medium term and to food insecurity for the most vulnerable population groups in developing countries.”

sábado, 4 de outubro de 2008

Obama e o Etanol

No início da campanha para as presidenciais norte-americanas, o Web site da candidatura de Obama, dedicava várias secções do seu plano energético, ao etanol produzido a partir dos cereais. A candidatura democrata, definia o etanol como um elemento fundamental para a independência energética dos Estados Unidos. Para cumprir uma série de metas, com vista ao aumento da produção de etanol, Obama propunha-se a criar uma série de incentivos fiscais para as comunidades locais que investissem em biocombustíveis.
 
No decorrer do mês de Agosto, Obama lançou o seu programa para as questões energéticas , “New Energy for America", onde não fez qualquer menção ao etanol produzido a partir dos cereais. 

No entanto, o seu gabinete quando inquirido por um jornalista do Energy Tribune, acerca da posição do Senador Obama sobre o etanol, não prestou qualquer declaração. Limitou-se a informar que Obama não queria falar sobre o etanol. Percebe-se bem esta súbita mudança de posição, porque o etanol é cada vez mais controverso.

Em 2007, Obama e outros dois Senadores, o Democrata Tom Harkin do Iowa e o Republicano Richard Lugar do Indiana, introduziram no Senado legislação chamada “The American Fuels Act of 2007”. Esta legislação visava essencialmente promover o uso de biocombustíveis. 

“To become truly energy independent, we need not only to increase domestic production of renewable fuels like ethanol, but also make sure that the pumps are widely available to distribute the fuel and that automakers produce more vehicles that can use the fuel.…This legislation will greatly reduce our dependence on foreign oil and strengthen farm income by increasing both supply of and demand for biofuels.” Obama, 2007.

Apesar da discussão energética, ter sido ofuscada pela crise do sistema financeiro, e consequentemente, também ter desaparecido da discussão, o aumento dos preços dos alimentos, por causa dos biocombustíveis, o problema permanece.

Importa por isso saber o que fará Barack Obama se for eleito Presidente. Qual será a sua política acerca dos biocombustíveis? Manterá o seu apoio a esta medida desastrosa, ou será capaz de empreender uma ruptura com os interesses instalados e com aquilo que defendeu fervorosamente no passado?

Os Europeus e o medo

Luc Ferry, em entrevista concedida à Revista Sábado:

Actualmente, o medo é a sensação dominante na Europa. Temos medo de tudo: da tortura, dos frangos, da globalização, do aquecimento global, da velocidade, do sexo, do álcool e do tabaco. Esta proliferação do medo é acompanhada de outro fenómeno novo, que é a desculpabilização...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Estúpidos anónimos

Ana Margarida Craveiro, no Atlântico:

Olá, sou a Ana Margarida e pago 230 euros por um quarto em Lisboa.

Raios partam este país. Ninguém é demitido, ninguém se demite por vergonha e pudor. Deve ser a tal ética republicana de que tanto gostam. Disfarça devidamente a corrupção, a mentira, o nepotismo e a desconsideração absoluta pelo interesse público.

Educação em Debate

O PSD, numa iniciativa inédita em Portugal, no âmbito do debate sobre a Educação que vai ter lugar na Assembleia da República a 9 de Outubro, abre na blogosfera um espaço de reflexão sobre a a importância da “exigência e qualidade do ensino”.

São importantes iniciativas como estas, que reaproximem os partidos da sociedade civil, explorando as enormes vantagens que as novas tecnologias podem gerar nesta interacção. 

A blogosfera é também um espaço que pela sua dinâmica, e pela ausência de certos condicionalismos a que a imprensa está sujeita, fomenta o pluralismo do debate acerca das políticas públicas. 

Faço votos de que a iniciativa seja bem sucedida e que se venha a repetir no futuro com outras temáticas igualmente importantes.

Agradeço o link para o Ordem Espontânea.

No momento em que tanto se fala dos horrores do capitalismo (2):


It’s hard to describe the grind of daily life in Zimbabwe without baffling people with numbers, percentages and statistics that are so unreal they are uncomprehendible. The cash crises that has crippled us for years has been one of those undescribable things. The last few months have been horrific.

This morning I once again saw red when I opened my month-end bank statement.
Yesterday I had a balance in my account of $2,000 (at old value that is 20 trillion dollars / $20,000,000,000,000.00). This account is dormant, untouched for months.
This morning I find I owe the bank $500,000 in service fees for one month’s bank charges to hold my $2,000. This is no joke.
The joke may be the $4 interest I received or the $0.80 cents withholding tax that I am paying, but my sense of humor is weak today and I cannot even laugh at that!
As I write this the parallel / black market rates are as follows USD1 = ZWD2500 and ZAR1 = ZWD360.
These rates will change within an hour.
The daily cash limit, per person per day is now a whopping (ha, ha) $20,000 (USD8, ZAR55.56).
The cost of a personal cheque book at today’s price (it will change by tomorrow) is $2,000,000 or $33,333 per page.
You pay $33,333 (USD13.33, ZAR92.59) to receive $20,000 (USD8, ZAR55.56).

Does this make sense to you?

No momento em que tanto se fala dos horrores do capitalismo:


Economists here and abroad say Zimbabwe’s economic collapse is gaining velocity, radiating instability into the heart of southern Africa. As the bankrupt government prints ever more money, inflation has gone wild, rising from 1,000 percent in 2006 to 12,000 percent in 2007 to a figure so high the government had to lop 10 zeros off the currency in August to keep the nation’s calculators from being overwhelmed. (Had it left the currency alone, $1 would now be worth about 10 trillion Zimbabwean dollars.

(...)

No. 132 was Stanford Mafumera, 35, a security guard who spends most of his time at his job or in line at the bank; he is so poor that he sleeps beneath the overhang at the mall rather than pay for bus fare home to his family. His clothes hung loose on his gaunt body, and his dusty shoes were coming apart.

“Since Monday, Tuesday, Wednesday, there was no cash here,” he said. “We started getting cash only yesterday.”

Most days, he said, he eats only a bag of corn nuts to conserve his monthly pay — worth $10 a week and a half ago, but only $5 now because of inflation.

Each day, he buys a pack of cigarettes and sells them one by one, making an extra 20 to 30 cents. But he was unable to afford the cost of taking his 5-year-old daughter to the doctor recently when she got diarrhea after drinking dirty water from an unprotected well.

Mr. Mafumera blamed the government’s land reform program for Zimbabwe’s woes. It chased away the white commercial farmers who had made the country a breadbasket, he said, as well as donors from Britain and other European countries and the United States who sustained Zimbabwe’s starving millions for years.

“A lot of people got farms, but they can’t produce anything and this is what is causing the poverty and hunger,” he said. “There’s no food. 

Senado dos EUA aprova plano

Senado dos EUA aprova plano rectificado de injecção de 700 mil milhões de dólares


"O Presidente aplaudiu o voto do Senado rejubilando-se pelo facto de republicanos e democratas terem superado as divergências partidárias para adoptarem o plano do secretário do Tesouro, Henry Paulson." (Público)

E que tal convidarem o elefante do Jardim Zoológico de Lisboa?




«A New York Stock Exchange (NYSE) está a ter dificuldades em encontrar pessoas que queiram tocar o sino de abertura e encerramento da sessão devido ao agravamento da crise financeira.»

(link via Insurgente

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A crise do subprime explicada em comics

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